Anel vaginal que previne HIV e gravidez tem bons resultados em testes

Um anel vaginal capaz de prevenir gravidez e infecção pelo HIV obteve sucesso em sua primeira fase de testes, segundo cientistas da Rede de Ensaios de Microbicidas (MTN, na sigla em inglês), nos Estados Unidos.

Os pesquisadores explicam que o dispositivo contém o medicamento antirretroviral dapivirina e o hormônio anticoncepcional levonorgestrel. Durante 90 dias de testes, o anel liberou níveis regulares de cada substância — índices provavelmente suficientes para servir ao seu duplo propósito.

Esse é um dos dois dispositivos vaginais sendo desenvolvidos pela organização sem fins lucrativos Parceria Internacional para Microbicidas (IPM) — o outro é um anel cujo foco é a prevenção específica do HIV. Ambos os produtos se baseiam em um anel de dapivirina com duração mensal que, em 2020, foi positivamente avaliado pela Autoridade Europeia de Medicamentos (EMA) para uso entre mulheres cisgênero com 18 anos ou mais em países em desenvolvimento. Logo depois, foi adicionado à lista da Organização Mundial de Saúde (OMS) de medicamentos prequalificados.

Agora, a IPM busca a aprovação do anel em vários países africanos, bem como na Food and Drug Administration (FDA), que regula medicamentos nos EUA. Se for aceito, o dispositivo será o primeiro método biomédico de prevenção ao HIV projetado especificamente para mulheres cisgênero e o primeiro método de longa ação.

“É tão emocionante ver o anel de dapivirina se aproximando da linha de chegada, e só podemos esperar que outros produtos para prevenção ao HIV para mulheres o sigam. Se há algo que aprendemos com nossa experiência com a adoção e entrega de anticoncepcionais, é que é importante que as mulheres tenham opções, porque elas têm necessidades e preferências diferentes em momentos diferentes de suas vidas”, afirmou Sharon Achilles, uma das pesquisadoras, em comunicado. “É por isso que um produto que pode proteger tanto contra o HIV quanto a gravidez indesejada pode ser especialmente atraente para muitas mulheres.”

Enquanto o anel mensal contém 25 mg de dapivirina, o anel de dupla ação contém 200 mg de dapivirina para permitir sua liberação prolongada ao longo de três meses, bem como 320 mg de levonorgestrel. No novo estudo, os cientistas focaram em descobrir se o dispositivo era eficaz durante o período de 90 dias e se, caso a mulher quisesse retirá-lo por um ou dois dias por mês, continuaria funcionando.

A pesquisa envolveu 25 mulheres que foram aleatoriamente designadas para usar a combinação do anel dapivirina-levonorgestrel continuamente por 90 dias ou ciclicamente durante esse período, em três ciclos durante os quais o anel foi usado por 28 dias e removido por dois. A primeira parte da análise avaliou os níveis de sangramento irregular ou manchas de sangue na calcinha das voluntárias, pois esses são efeitos colaterais comuns dos anticoncepcionais.

De acordo com a equipe, os padrões de sangramento experimentados pelas participantes foram quase idênticos nos dois grupos, e geralmente tranquilizadores. Dos mais de 2.100 dias totais de uso do anel em ambos os grupos, em 58% não houve sangramento e em 31% ocorreram apenas manchas.

Já os níveis de levonorgestrel no plasma sanguíneo permaneceram consistentes com os necessários para uma contracepção eficaz durante o período do estudo. E os níveis de dapivirina no fluido vaginal apresentaram um declínio rápido e acentuado após a remoção do anel. “Até agora, não parece provável que o uso cíclico faça diferença nos padrões de sangramento, mas resta saber se as remoções periódicas permitirão ou não a proteção sustentada contra a infecção pelo HIV. Isso é algo que precisaremos estudar mais”, comentou Achilles.

Fonte: Agência Aids

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