Nova vacina do HIV ‘cura’ 5 pessoas que já vivem sem o vírus há 7 meses

Mais um grande passo da ciência em direção à tão sonhada cura do HIV (mas vale lembrar, tudo isso leva tempo! Continue se prevenindo e se testando sempre!). Cinco pessoas que viviam com HIV estão livres do vírus já há sete meses desde que tomaram uma nova vacina atualmente em experimento.

Segundo o jornal britânico Daily Mail, o tratamento, desenvolvido por pesquisadores da Espanha, permitiu que os pacientes até então com HIV parassem de tomar medicamentos antirretrovirais (ARV). Cientistas ainda não testaram os resultados em um ensaio clínico em grande escala, mas dizem que a descoberta desta vacina pode vir a se transformar em uma “cura funcional do HIV”.

Se trata do primeiro passo para o sucesso em um campo que não conseguiu encontrar uma vacina nos últimos 30 anos. “É a prova do conceito de que por meio da vacinação terapêutica podemos realmente reeducar nossas células T para controlar o vírus”, disse a Dra. Beatriz Mothe, do Instituto de Pesquisa da AIDS IrsiCaixa em Barcelona, ​​na Espanha, sobre a descoberta. E adicionou: “Esta é a primeira vez que vemos que isso é possível em humanos.”

A busca por uma vacina contra a AIDS gerou investimentos maciços e esforços intensivos já há mais de 40 anos. Nos últimos anos tem se visto muito progresso em novos testes, inclusive em humanos e até grande evolução no tratamento tradicional da infecção, mas, até agora, nenhuma vacina chegou ao mercado.

Após muitos esforços e investimentos tentados e não conseguindo trazer uma vacina convencional que pudesse prevenir a infecção pelo HIV, estes pesquisadores franceses decidiram testar vacinas terapêuticas em pessoas que vivem com HIV.

A Dra. Mothe e seus colegas usaram uma vacina contra o HIV feita pelo Professor Tomáš Hanke, da Universidade de Oxford, no Reino Unido. O estudo incluiu 13 participantes que tomaram ARVs por pouco mais de três anos em média – todos dentro de seis meses após serem infectados.

De acordo com os resultados, pesquisadores teorizaram que, embora as drogas mantivessem os níveis de HIV baixos, limitavam a capacidade do vírus de se integrar em seus cromossomos, deixando-os com “reservatórios” relativamente pequenos de células infectadas. Isso facilita a contenção do vírus se os medicamentos forem interrompidos, especialmente com a ajuda de uma vacina, disseram eles.

No novo experimento, cientistas injetaram nos participantes uma série de três injeções da vacina e estes também pararam de tomar os ARVs (remédios para controle do HIV). Depois de quatro semanas, oito dos pacientes viram o vírus se recuperar. Mas os outros cinco pacientes passaram de seis a 28 semanas sem precisar reiniciar o tratamento.

Nestes cinco, o vírus tornou-se temporariamente indetectável e nunca ultrapassou as 2.000 cópias por mililitro, que seria o critério para precisar reiniciar o tratamento.

Se prova então a ideia inicial dos cientistas, de que por meio da vacinação terapêutica, podemos realmente reeducar as células para controlar o vírus no organismo.

Dos mais de 50 testes de vacinas terapêuticas até agora, este é o primeiro que fortaleceu o sistema imunológico de uma forma “significativa”, de acordo com o Dr. Steven Deeks, clínico de HIV / AIDS e pesquisador da Universidade da Califórnia, em San Francisco. Ele está ‘cautelosamente otimista’ de que os dados inspirarão outros a estudar a abordagem para chegar em um número maior de pacientes com este resultado.

O imunologista Dr. Daniel Douek, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas em Bethesda, Maryland, entretanto, foi mais cético: “Os resultados são encorajadores, mas é difícil avaliar qual foi o efeito do procedimento realmente devido à natureza descontrolada do estudo”, disse o Dr. Douek .

Mas o Dr. Mothe disse que ‘estudos de interrupção de tratamento’ anteriores – em pessoas que começaram a tomar ARVs logo após serem infectadas – descobriram que apenas 10 por cento de suas infecções estavam sob controle por mais de quatro semanas. No estudo de Barcelona, ​​a taxa era de 38%.

Os pesquisadores acreditam que o sucesso parcial do experimento pode ser devido ao fato de a vacina conter genes do HIV que codificam estruturas internas “altamente conservadas” e enzimas que não podem mudar muito sem prejudicar o vírus.

Ainda sobre o estudo, Dr. Deeks concluiu: “Se as tendências atuais persistirem nos próximos experimentos, comprovaremos a eficácia da vacina, mas ainda são necessários estudos controlados e em maior escala pra isso”.

Fonte: Põe na Roda

No Comments

Post A Comment

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.