Para ativistas, avanços na vacina contra HIV são promissores, mas é necessário cautela

Uma nova vacina contra o HIV apresentou resultados promissores. O tratamento conseguiu fazer com que o sistema imunológico de pessoas vacinadas produzisse respostas contra o HIV, segundo um estudo publicado na revista científica Lancet. Porém, ainda não é possível saber se essas pessoas não seriam contaminadas pelo HIV se tivessem contato com o vírus.

Para os ativistas e esse é um grande avanço porque a vacina preventiva representa a oportunidade de contenção da epidemia mundial, caso seja aplicada de forma maciça. No entanto, alguns deles alertam que é necessário observar com cautela, uma vez que as expectativas podem causar frustrações. Confira a opinião de alguns ativistas sobre o tema:

José Araújo, coordenador do Espaço de Prevenção e Assistência Humanizada (EPAH) – “Acredito que as pessoas devam ver essa notícias com muita, e não criarem grandes expectativas. O desejo do sucesso da vacina é de todos, mas, na história da aids, as frustrações com os resultados são constantes. Acredito que a cura chegue muito antes da vacina profilática, mas acredito que a persistência é um dever científico é uma necessidade da humanidade.”

Vando Oliveira, secretário nacional de articulação política RNP+ Brasil – “Para prevenção é um grande avanço e será uma enorme conquista, pois evitará que mais pessoas sejam infectadas pelo HIV. Estamos esperando uma vacina eficaz há30 anos. Espero que de fato possamos ter uma resposta positiva em 2022 com o resultado da próxima etapa desta vacina. Será uma importante forma de prevenção ao HIV.  Mas também, além da vacina preventiva, nós, pessoas vivendo com HIV, estamos aguardando fazem anos uma para cura da aids. Este também é nosso grande sonho!”

Vanessa Campos, representante estadual da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+AM) e membro do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas – “A ciência tem mudado o panorama nestes 37 anos no quesito tratamento e prevenção em HIV/aids, fazendo com que a sentença de morte de um diagnóstico HIV+ passasse a ser a de um diagnóstico tratável. Desta mesma forma, os estudos que comprovam o I=I nos acrescentam a certeza perante toda a sociedade de que não somos mais “uma bomba ambulante”. Então, saber que estamos a cada dia mais próximos de uma vacina eficaz na prevenção contra o HIV é uma vitória! Mas que venha com políticas públicas que implementem toda esta tecnologia e que as verbas sejam realmente destinadas em sua execução para toda a sociedade. Pois, de nada adianta toda esta evolução se a população não tiver acesso amplo e irrestrito. O tratamento com os antirretrovirais, PEP, PrEP e prevenção combinada precisam avançar com efetividade, e pra isso, é preciso diminuir as barreiras ao acesso.”

Salvador Côrrea, coordenador de treinamento e capacitação na Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA) – “É muito importante que hajam pesquisas no campo da prevenção ao HIV, especialmente desenvolvendo vacinas. Seria um acontecimento de grande valor essa descoberta. No entanto, precisamos ficar em alerta para não cairmos na ilusão de que um método biológico sozinho dará conta de controlar a epidemia. Mesmo após 37 anos de epidemia e mais de 20 anos de medicamentos eficazes, mais de 12 milhões de pessoas no mundo ainda não tem acesso aos antirretrovirais, especialmente por interesses econômicos da Big Farma desalinhados com o direito à vida.”

Pierre Freitaz, Assistente Social e Coordenador do Eixo Juventude, Sexualidade e Direitos Humanos da ONG Koinonia – “A aids também traz a tona a necessidade de atentarmos para os aspec. Todos os métodos que podermos utilizar para prevenção do HIV é muito bem visto. Agora precisamos com urgência de métodos que de um stop no preconceito e que potencialize a globalização da informações e conhecimentos sobre sexualidade, sexo, testagem e prevenção combinada para as pessoas em geral, em especial para os jovens, que são hoje o público mais vulnerável a infecção do HIV e de outras IST’s. Precisamos que a PeP e a PrEP seja mais disseminada com campanhas e que as pessoas em geral tenham facilidade para acessa-las, sem burocracias e com profissionais e equipamentos de saúde preparadas para orientar as mesmas.tos estruturais e sócias que trazem vulnerabilidades diversas (etnias, gênero, orientação sexual, classe social, para citar exemplos) impedindo a garantia do acesso à saúde e o direito à vida. Portanto, que venham novas tecnologias, acompanhadas de mais solidariedade,  mobilização social e  centralização nos direitos humanos para a resposta à aids.”

Jorgue Beloqui, integrando do Comitê Comunitário de Vacinas anti-HIV e do Grupo de Incentivo à Vida (GIV) – “Eu acho muito importante esse resultado porque está abrindo um ensaio de fase 3, ou seja, de eficácia para essa nova tentativa vacina. Não é possível exagerar a importância da vacina para a eliminação de qualquer doença infecciosa. Acredito que dificilmente o HIV poderá ser controlado sem o auxílio uma vacina preventiva de eficácia considerável. Penso que a prevenção tem que continuar procurando o rumo de uma vacina sempre. Enquanto ela não chega, outros métodos de prevenção também são bem-vindos. Mas isso não pode subtrair esforço nem orçamento para obtenção de uma vacina eficaz, porque ela sim pode dar conta dessa epidemia, se realizada maciçamente.”

Fonte: Agência de Notícias da Aids

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