Tecnologia utilizada pela Moderna na vacina contra a covid-19 pode ajudar a combater o HIV

Cerca de 1,7 milhão de pessoas foram infectadas pelo HIV, em 2019. E 700 mil morreram vítimas da aids. Desde o início da epidemia, na década de 1980, centros de pesquisa do mundo todo buscam uma vacina contra a doença. No dia 20 de abril, em apresentação para investidores, a Moderna anunciou o desenvolvimento de imunizantes contra o HIV a partir da mesma tecnologia usada contra a covid-19.

A vacina da empresa de biotecnologia, com sede em Massachusetts, é baseada em mRNA –ou RNA mensageiro. Os especialistas, no entanto, são cautelosos. Apesar do sucesso da vacina contra o novo coronavírus, o combate ao HIV envolve outras abordagens. “É um jogo de bola muito diferente”, define Rafick-Pierre Sekaly, professor de virologia da Emory University. Ocorrida a infecção, o vírus da aids permanece ativo em um pequeno número de células do organismo.

A expectativa é testar duas vacinas contra o HIV em seres humanos ainda este ano. Enquanto umas das imunizações usa um componente proteico, a outra determinará se antígenos sintéticos semelhantes ao vírus podem deflagrar a resposta imune desejada. As pesquisas resultam da colaboração com os Institutos Nacionais de Saúde, Scripps Research e a Fundação Gates, entre outros parceiros.

O objetivo da Moderna é mostrar que a vacina baseada em mRNA pode deflagrar a produção de anticorpos contra variantes do HIV circulantes no mundo. “Pense nas pessoas que morrem de HIV todos os anos”, disse Stephane Bancel, CEO da Moderna, em entrevista ao Insider, nesta terça-feira. “Elas não estão vivas porque não têm à disposição uma terapia incrível.”

Embora os pesquisadores estejam entusiasmados com a perspectiva de usar o mRNA para desenvolver uma vacina contra o HIV, eles acreditam que há um longo caminho pela frente. Para eles, a tecnologia da Moderna pode acelerar o “ajuste fino” do desenvolvimento da vacina, mas apenas os testes contínuos mostrarão se o resultado final é realmente seguro e eficaz. “Tivemos um resultado tão espetacular com o coronavírus que precisamos embarcar nesta plataforma e testá-la. Nenhuma das outras plataformas [de HIV] gerou qualquer indício de resultados promissores”, disse Sekaly, que estuda o assunto por décadas.

A última vacina contra o HIV a chegar a fases finais de estudo foi suspensa em fevereiro do ano passado –e estava sendo testada na Áfica do Sul. Segundo os líderes das pesquisa, a imunização não registrou “absolutamente nenhuma evidência de eficácia”, conforme registrado na revista Science.

Fonte: Agência Aids

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